quarta-feira, 17 de abril de 2013

Futebol em frequência modulada


Desde que o mundo é mundo (tudo bem, nem tanto assim), o futebol é levado aos torcedores de todas as partes através do bom e velho "radinho" de amplitude modulada, o famoso AM. Locuções antológicas marcaram época, num tempo em que as transmissões pela TV eram raras e o aficcionado pelo esporte bretão viajava com as descrições e fantasias criadas pelos mestres da narração esportiva.

Atualmente, são dezenas de partidas na telinha toda semana, o que fez com que a audiência do rádio diminuísse a níveis preocupantes. Ainda assim, são milhares de torcedores ligados nas partidas, boa parte deles dentro dos estádios. Só que a tecnologia trouxe um efeito colateral: as pessoas estão deixando de portar aparelhos de rádio e sintonizando o sinal em aparelhos celulares e outros dispositivos móveis. O "problema" com isso é que esses equipamentos não recebem sinais de AM, o que não chega a ser uma heresia, considerando a qualidade do sinal em frequência modulada (FM).

Não por acaso, diversas emissoras FM montaram equipes e passaram a transmitir futebol, angariando para si uma fatia do mercado - de ouvintes e anunciantes. A frustração, nesse ponto, fica pelo formato escolhido por essas empresas: ao invés de manter a tradicional "jornada esportiva", optaram por uma jovialidade forçada e adolescente, típica do FM. Como a linha que separa a graça do patético é extremamente tênue, elas não caíram no gosto do público. É o que acontece com a Band FM, em Florianópolis, cujas transmissões se dedicam mais em mandar abraços e saudações a ouvintes/internautas e fazer piadinhas de gosto duvidoso, do que propriamente em contar e comentar as partidas de futebol. Pouca informação, muita  brincadeira, um formato que definitivamente não agrada.

A Regional, também da capital catarinense, faz uma transmissão mais ortodoxa e próxima do AM, o que deve ser louvado. Respeitadas as limitações de tempo que impedem um pré e pós jogos decentes, deve-se louvar as jornadas esportivas da emissora. Mas está angariando ouvintes e ainda não possui o peso de um nome forte no rádio florianopolitano.

Quem poderia incomodar de verdade e a custo baixo é a Guarujá. Detentora de uma frequência FM em Florianópolis, ela poderia fazer uma "cadeia" entre suas emissoras AM e FM, alcançando um público que ainda não possui - o dos usuários de dispositivos móveis - e se aproveitando da equipe já formada e da tradição na cidade. Quem não gostaria de ouvir as transmissões da Guarujá com o sinal límpido e forte da Antena 1? Ademais, ninguém reclamaria da "intromissão", uma vez que a programação em rede da emissora paulista se resume a tocar músicas com raríssimos momentos de informação. Nada que não pudesse ser feito localmente, por pessoas dispostas e com maior retorno para a Guarujá, não tenho dúvidas disso.

Naturalmente, desconheço os detalhes do contrato entre Guarujá e Antena 1 para afirmar se essa estratégia pode ser implementada. De qualquer modo, fica a ideia, que dou de graça pelo apreço que tenho pela emissora: levem seu futebol para o FM, ganhem mais ouvintes, mais anunciantes... e incomodem de verdade a concorrência. No mínimo, seria divertido.

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