quarta-feira, 24 de abril de 2013

Acharam os culpados



Foto: Alan Pedro/Notícias do Dia
Em meu último artigo, escrevi sobre o aparente abandono das obras de duplicação da rodovia Diomicio Freitas. Ontem mesmo, o jornal Notícias do Dia publicou reportagem (dica da madrugadora Gi Severo pelo Twitter) com as explicações de Paulo Meller, presidente do Deinfra, sobre o assunto. O ponto principal das justificativas diz respeito à necessidade de retirar ninhos do topo das árvores. Como sou um tanto obtuso quando se trata de obras públicas - e suas aparentemente estranhas justificativas -, tenho algumas considerações e dúvidas a respeito:

1 - De acordo com o texto, as máquinas que começaram a limpeza foram retiradas para dar espaço ao trabalho mais minucioso, que envolve as árvores mais altas. Ora, qualquer pessoa que passar pelo local (bem como em qualquer outro mangue) verá que a vegetação é uniforme, com as árvores apresentando praticamente o mesmo tamanho. Não existe ali "vegetação rasteira" e "árvores mais altas". O trecho que foi arrancado pelas máquinas no dia da apresentação à TV possuía árvores idênticas às que agora são classificadas como "árvores mais altas";

2 - O cuidado é justificado pelas aves que fazem os ninhos no topo das árvores. Ok, deve ser louvada qualquer preocupação com a fauna nativa. Mas então, por que diabos começaram a arrancar a vegetação e depois pararam quando a televisão foi embora? Eu estava certo quando imaginei que foi tudo um circo para mostrar serviço? Ou as aves foram "descobertas" só naquele dia?

3 - Esse detalhe estava no planejamento do Deinfra e a empresa que fará a retirada das árvores chegará nos próximos dias ao local. Opa, então quer dizer que já sabiam sobre os ninhos... excelente! Nesse caso, por que a empresa já não estava lá quando as máquinas pararam? Por que ela chegará somente "nos próximos dias"? E o que devemos considerar, afinal, como "próximos dias"? Pode ser amanhã, semana que vem ou daqui a dois meses? Não acredito que no contrato entre o órgão público e a empresa exista uma cláusula dizendo que o trabalho deve começar "nos próximos dias". Se for assim, não espantará se o prazo de conclusão constar como "indeterminado".

No final das contas, se a obra atrasar, vai ser por culpa dos pássaros. E com razão, a propósito. Esses bichos, que não sabem viver em sociedade, saem fazendo suas casas sem licença da Prefeitura, sem ligação de água tampouco de energia elétrica. Daqui a pouco vão querer até indenização pra sair dali. Levando em conta a competência extrema dos responsáveis, só isso mesmo para explicar que o trabalho ficou parado por mais de uma semana, mesmo com clima favorável.

Meu medo - estou falando sério - é que daqui a pouco apareça no "planejamento" que existem tocas de caranguejo naquele mangue. E que seja preciso esperar "alguns dias" para que uma empresa especializada venha retirá-los de forma segura.

Em tempo: quem usa a rodovia sabe que, em determinados dias do outono, a maré alta invade a pista dificultando - por vezes, até impedindo - a passagem de veículos. Espero que levem isso em conta na duplicação, elevando a via o suficiente para acabar com o problema. Mas isso eu não preciso avisar, né?

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