Jornalismo CTRL+C

Se tem uma coisa que me tira verdadeiramente do sério é a falta de ética profissional, especialmente quando o responsável é jornalista. Embora não seja minha profissão, o jornalismo é uma área do conhecimento pela qual tenho verdadeira adoração e maculá-la em nome da "esperteza" me deixa muito irritado.

Vamos aos fatos: O historiador Felipe Matos mantém um excelente blog chamado Memória Avaiana. Lá, une duas grandes paixões: a história e o clube que escolheu para torcer. As postagens de seu blog são sempre fruto de um exaustivo trabalho de pesquisa, no qual Felipe resgata histórias e imagens já esquecidas. Por diversas vezes, personagens que fazem parte da história avaiana entraram em contato com o autor para agradecer pela lembrança.

Felipe não ganha um centavo pelo trabalho no blog. Não cobra pelo acesso, tampouco recebe para citar esse ou aquele indivíduo. Nem mesmo uma "ajudazinha" do Avaí pelo resgate da memória, nem um pastelzinho em dia de jogos na Ressacada. Mas ele nunca reclamou de nada disso, faz seu trabalho porque gosta e ponto.

Pois ultimamente parece que o conteúdo publicado no Memória Avaiana têm atraído a atenção mais do que dos costumeiros leitores. Além de um conhecido colunista que costuma usar as fotos do blog sem mencionar a fonte (cujo nome não vou publicar porque não tenho comigo cópia das imagens para provar), há duas semanas um jornal distribuído no mercado público usou fotos e texto do Memória Avaiana em sua coluna. Além de não citar o blog, esses "jornalistas" editam as imagens para que não seja possível identificar a autoria. Crime profissional, não parece?

Poia a gota d'água, que me fez escrever esse post, aconteceu ontem. Ao noticiar um assalto à residência de Eric Lovey, o jornalista Colombo de Souza, do Notícias do Dia, simplesmente "copiou" parte de um texto sobre o empresário, publicado no Memória Avaiana em setembro de 2011 (!). E sequer se deu ao trabalho de mencionar a fonte de suas pesquisas. Pra "disfarçar", trocou a palavra "chegada" por "negociação", como se isso pudesse esconder a fraude. Foi CRTL-C e CTRL-V puro, na maior cara-de-pau (veja as imagens abaixo, que comprovam a "similaridade". Coincidência?):

Obviamente, não quero cometer o erro de generalizar nem afirmar que essa prática é corriqueira no jornal. Gosto muito do Notícias do Dia, que considero uma saudável opção à informação única que vínhamos recebendo até há pouco tempo. Gosto tanto que, nas poucas vezes que compro jornal em banca, esse sempre é o Notícias do Dia. Sei que a empresa possui jornalistas sérios e responsáveis em seu quadro, dentre os quais cito o excelente Carlos Damião, por quem tenho profunda admiração.

Quero crer que tenha sido apenas um "deslize", embora o erro tenha sido reproduzido na edição impressa de hoje e mesmo tendo sido informada desde ontem, a direção do jornal não tenha se manifestado a respeito. Sinceramente, não posso acreditar que seja esse tipo de coisa que estão ensinando nos bancos da Faculdade de Jornalismo. Assim, é fácil ser jornalista. Depois, não reclamem que não precisa de diploma para exercer a profissão. Pra copiar e colar, não precisa estudo, não é mesmo?

Em tempo 1: introspectivo e de índole pacífica, em nenhum momento Felipe Matos quis dar publicidade ao fato ou pedir qualquer retratação. Esse artigo é de minha única e exclusiva responsabilidade.

Em tempo 2: para aqueles que acham que "foram só dois parágrafos, pra que tanta gritaria?", quero dizer que o crime é o mesmo, independente do tamanho do furto. Se apropriar de produção intelectual alheia é crime, sem discussão.